quinta-feira, 18 de março de 2010

Intolerância

Faz frio, ligamos aquecedor Faz calor, ligamos o ar condicionado
No verão comemos tangerina
No inverno pêssegos
As comunicações são instantâneas e noticias circulam ao mesmo tempo em que acontecem, não importa onde ocorra
Não precisamos mais pedir informações numa cidade desconhecida, usamos o GPS
Tudo se resolve ao toque dos nossos dedos, instantaneamente dominamos as tecnologias
E, se assim não fosse?
Como viveríamos sem luz?
Sem comunicações ?
Sem tecnologias?

Nem pensar?

É bom pensar!


Vamos percebendo que cada dia estamos mais exigentes, intolerantes e insatisfeitos, conosco, com o outro, com a vida.

Conosco....


Nosso corpo, outrora marca registrada individual, se transforma lentamente em silicone, plásticas, reduções... Estudamos cada vez mais e pensamos cada vez menos... Do pensamento criativo sobrou apenas a critica pela critica ou pior a re-ação!
“Nunca” nada do que faça, diga ou pense é suficientemente bom... (até mesmo porque “tem que” ser excepcional)
Com o outro...


Se o outro não pensar, agir e sentir da mesma forma que julgamos correta, brigamos, descartamos, deletamos (quando não queremos “transformar” o outro num clone)
No trânsito, buzinas, discussões, palavrões... mortes. Por uma vaga apenas...
No trabalho, inveja, competição, armação... em casa idem...
Pouco do que o outro faz ou diz tem ampla e incondicional aceitação


Onde vamos parar?

Com a vida...


Estamos intolerantes até mesmo a alimentos.... será por mero acaso que a natureza tem seu ciclo?
Tangerina é fruta do inverno e pessego do verão...
Transferimos a confiança que depositávamos nos amigos para a cibernética
Transferimos nossos corpos para doutores
Transferimos nossa conexão interna para o clero
Trocamos nossa sabedoria interna pelo conhecimento importado
Estamos intolerantes a nós mesmos
Difíceis de aceitar um corpo envelhecendo... a perda, a morte, a vida
Difíceis de aceitar os momentos de interiorização, de apatia e reclusão
Difíceis de aceitar uma critica e manter um diálogo di-a-lo-go, uma interjeição, objeção, replica, treplica, sem perder a calma ou fazer o jogo da vitima.
Será por isso que todas as civilizações antigas desapareceram quando atingiram seu ápice tecnológico?
Tecnologias são maravilhosas quando aprendemos a usar como ferramentas de auxilio e apoio e não como substitutos da com-vivência
Esta na hora de ser mais tolerantes com a vida e o “sentimento” que habita em cada ser (incluindo o seu)
Seja mais tolerantes com as diferenças, são elas que dão a percepção da beleza
Tolere mais o frio, o calor, o irmão, o vizinho, o patrão, o empregado, a demora... a vida...
Seja tolerante, amoroso e paciente, todos vamos na mesma direção!
Viva livre de intolerâncias e celebre a vida desarmado de conceitos e verdades.
Carinhosamente
Carmen Gloria Coelho

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