sábado, 25 de dezembro de 2010

PASSEIO SOCRÁTICO - Por Frei Beto

Ao visitar em agosto a admirável obra social de Carlinhos Brown, no Candeal,em Salvador, ouvi-o contar que na infância, vivida ali na pobreza, ele não conheceu a fome. Havia sempre um pouco de farinha, feijão, frutas e hortaliças. “Quem trouxe a fome foi a geladeira”, disse.

O eletrodoméstico impôs à família a necessidade do supérfluo: refrigerantes, sorvetes etc. A economia de mercado, centrada no lucro e não nos direitos da população, nos submete ao consumo de símbolos. O valor simbólico da mercadoria figura acima de sua utilidade. Assim, a fome a que se refere Carlinhos Brown é inelutavelmente insaciável.

É próprio do humano - e nisso também nos diferenciamos dos animais -manipular o alimento que ingere. A refeição exige preparo, criatividade e a cozinha é laboratório culinário, como a mesa é missa, no sentido litúrgico.

A ingestão de alimentos por um gato ou cachorro é um atavismo desprovido de arte. Entre humanos, comer exige um mínimo de cerimônia: sentar à mesa coberta pela toalha, usar talheres, apresentar os pratos com esmero e,sobretudo, desfrutar da companhia de outros comensais.Trata-se de um ritual que possui rubricas indeléveis. Parece-me desumano comer de pé ou sozinho, retirando o alimento diretamente da panela.

Marx já havia se dado conta do peso da geladeira. Nos “Manuscritos econômicos e filosóficos” (1844), ele constata que “o valor que cada um possui aos olhos do outro é o valor de seus respectivos bens. Portanto, em si o homem não tem valor para nós.” O capitalismo de tal modo desumaniza que já não somos apenas consumidores, somos também consumidos.

As mercadorias que me revestem e os bens simbólicos que me cercam é que determinam meu valor social. Desprovido ou despojado deles, perco o valor, condenado ao mundo ignaro da pobreza e à cultura da exclusão.

Para o povo maori da Nova Zelândia cada coisa, e não apenas as pessoas, têm alma. Em comunidades tradicionais de África também se encontra essa interação matéria-espírito. Ora, se dizem a nós que um aborígene cultua uma árvore ou pedra, um totem ou ave, com certeza faremos um olhar de desdém. Mas quantos de nós não cultuam o próprio carro, um determinado vinho guardado na adega, uma joia?

Assim como um objeto se associa a seu dono nas comunidades tribais, na sociedade de consumo o mesmo ocorre sob a sofisticada égide da grife.Não se compra um vestido, compra-se um Gaultier; não se adquire um carro, e sim uma Ferrari; não se bebe um vinho, mas um Château Margaux. A roupa pode ser a mais horrorosa possível, porém se traz a assinatura de um famoso estilista, a gata borralheira transforma-se em cinderela…

Somos consumidos pelas mercadorias na medida em que essa cultura neoliberal nos faz acreditar que delas emana uma energia que nos cobre como uma bendita unção, a de que pertencemos ao mundo dos eleitos, dos ricos, do poder. Pois a avassaladora indústria do consumismo imprime aos objetos uma aura, um espírito, que nos transfigura quando neles tocamos. E se somos privados desse privilégio, o sentimento de exclusão causa frustração, depressão, infelicidade.

Não importa que a pessoa seja imbecil. Revestida de objetos cobiçados, é alçada ao altar dos incensados pela inveja alheia. Ela se torna também objeto, confundida com seus apetrechos e tudo mais que carrega nela mas não é ela: bens, dinheiro, cargos etc.

Comércio deriva de “com mercê”, com troca. Hoje as relações de consumo são desprovidas de troca, impessoais, não mais mediatizadas pelas pessoas. Outrora, a quitanda, o boteco, a mercearia, criavam vínculos entre o vendedor e o comprador, e também constituíam o espaço das relações de vizinhança, como ainda ocorre na feira.

Agora o supermercado suprime a presença humana. Lá está a gôndola abarrotadade produtos sedutoramente embalados. Ali, a frustração da falta de convívio é compensada pelo consumo supérfluo. “Nada poderia ser maior que a sedução”- diz Jean Baudrillard - “nem mesmo a ordem que a destrói.” E a sedução ganha seu supremo canal na compra pela internet. Sem sair da cadeira o consumidor faz chegar à sua casa todos os produtos que deseja.

Vou com frequência a livrarias de shoppings. Ao passar diante das lojas e contemplar os veneráveis objetos de consumo, vendedores se acercam indagando se necessito algo. “Não, obrigado. Estou apenas fazendo um passeio socrático”, respondo. Olham-me intrigados. Então explico: Sócrates era um filósofo grego que viveu séculos antes de Cristo. Também gostava de passear pelas ruas comerciais de Atenas. E, assediado por vendedores como vocês, respondia: “Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz” .

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Não te desejo um Feliz Natal!

Refletindo nos meu 54 natais...
Lembro da maior parte deles....
Tomei minha decisão
Não te desejo um feliz natal
O único que posso te desejar
É que tenhas CONSCIÊNCIA
Muita consciência!!!!!
E coragem... muita coragem!!!!
Ancorado em ti mesmo,
Pleno de ti mesmo,
Detentor do teu caminho
Senhor(a) do teu projeto de vida
Possas determinar o quanto de felicidade
Paz, amor, saúde, riqueza, abundância, paciência
E todos os atributos que queiras expressar e dar a ti mesmo
Enquanto SER CONSCIÊNTE
Deixes de lado
As crenças, as manipulações, as seduções, as ilusões
E, com CORAGEM assumas as rédeas da tua vida.
Com planos, estratégias, atitudes, foco
Sucesso!!!
Muito sucesso!!!

Amorosamente
Carmen Gloria Coelho
Dezembro de 2010

sábado, 4 de dezembro de 2010

[VIDEO] CRIANÇA, A ALMA DO NEGÓCIO

Do site: http://www.anovaordemmundial.com/
http://blog.antinovaordemmundial.com/wp-content/uploads/2010/12/images.jpg
 "Por que meu filho sempre me pede um brinquedo novo? Por que minha filha quer mais uma boneca se ela já tem uma caixa cheia de bonecas? Por que meu filho acha que precisa de mais um tênis? Por que eu comprei maquiagem para minha filha se ela só tem cinco anos? Por que meu filho sofre tanto se ele não tem o último modelo de um celular? Por que eu não consigo dizer não? Ele pede, eu compro e mesmo assim meu filho sempre quer mais. De onde vem este desejo constante de consumo?"

Este documentário reflete sobre estas questões e mostra como no Brasil a criança se tornou a alma do negócio para a publicidade. A indústria descobriu que é mais fácil convencer uma criança do que um adulto, então, as crianças são bombardeadas por propagandas que estimulam o consumo e que falam diretamente com elas. O resultado disso é devastador: crianças que, aos cinco anos, já vão à escola totalmente maquiadas e deixaram de brincar de correr por causa de seus saltos altos; que sabem as marcas de todos os celulares mas não sabem o que é uma minhoca; que reconhecem as marcas de todos os salgadinhos mas não sabem os nomes de frutas e legumes. Num jogo desigual e desumano, os anunciantes ficam com o lucro enquanto as crianças arcam com o prejuízo de sua infância encurtada. Contundente, ousado e real, este documentário escancara a perplexidade deste cenário, convidando você a refletir sobre seu papel dentro dele e sobre o futuro da infância.

Dirigido pela cineasta Estela Renner e produzido por Marcos Nisti, o documentário promove uma reflexão sobre como a sociedade de consumo e as mídias de massa impactam na formação de crianças e adolescentes.

Criança, A Alma do Negócio, mostra a realidade em que vivemos: crianças que preferem ir ao shopping a brincar, conhecem marcas pelo logotipo, e apesar de terem uma vasta coleção de brinquedos e jogos se encantam mesmo é por um pequeno bonequinho de plástico.

O Instituto Alana foi o ponto de partida do documentário. Depois de registrar vídeo-aulas com os conselheiros da organização, Estela percebeu como a infância de nossas crianças está sendo sabotada pelo excesso de publicidade dirigido à elas, e que a maioria dos pais ou não percebe, ou não sabe como agir perante tal quadro.

“Acho uma grande covardia a publicidade ser dirigida à criança. Quer vender o seu produto? Fale com alguém do seu tamanho, não use meu filho como promotor de vendas dentro da minha casa…Nunca vou esquecer quando meu filho de 3 anos pediu para eu ir ao posto Shell”, diz uma das mães entrevistadas. O filme mostra que a ética se perdeu pela busca do lucro - e nossas crianças arcam com o prejuízo de uma infância encurtada

O documentário também está disponível para download na integra:
DVD original 2.6gb - documentário em formato iso para ser copiado em DVD

.AVI 700mb - documentário em formato avi para ser visto no computador (resolução 720x480)
.MP4 196mb - documentário em formato mp4 compatível com iPod e computador (resolução 320x240)
.AVI 46mb - trailer do documentário em formato avi para ser visto no computador (resolução 320x240 )
Celulares, ipods, mp4 e tocadores portáteis - URL para acesso:
http://www.alana.org.br/doc.3gp
http://www.alana.org.br/doc.mp4

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A importância da educação

Recebi via e-mail e coloco aqui na íntegra por considerar pertinente e oportuno. Desconheço o autor.
Breve resposta à mãe de um dos delinquentes autores do ataque da Av. Paulista no dia 14/11/2010

Esta senhora, ao sair da delegacia, se deparou com a vítima, abaixo, desfigurado por hematomas, cortes e graves riscos de cegueira, por cacos de vidro de lâmpadas fluorescentes. Ao vê-lo, destilou seu ódio, não ao filho querido, mas sim à vítima, talvez, por ter sido obrigada a interromper seu cotidiano e ter que resgatá-lo de um local nada confortável para sua classe social.

Sra. S.... C...., seu filho é pior que um animal, que me perdoem os animais, mas sabemos que algumas espécies, tem no instinto, o territorialismo, atacando outros que, embora da mesma espécie, não fazem parte da matilha, como seria o caso do seu “pimpolho”. Claro que lhe falta a educação e noções básicas de convívio em sociedade e que na verdade, locais como a Avenida Paulista, que é a “vitrine” de uma São Paulo próspera, segundo avaliação (sociopata) de pessoas como seu filho e seus “ilustres” amigos, deveria ser frequentada apenas por pessoas da mesma “tribo” : filhos de uma classe que pratica o consumismo desenfreado e que por isso está inclusive colocando em risco a preservação de todas as espécies, inclusive da nossa pelo lixo que produz, comprometendo a preservação ambiental, os quais desfilam despreocupadamente com roupinhas de grife (costuradas por mão de obra escrava nos porões da exclusão social). Para eles, a simples existência de pessoas que destoem da sua visão obtusa desse padrão, é motivo para ataques, no caso, como nesse triste episódio, de forma monstruosa e covarde.

Monstruosa pelo que já expus acima.

Por que covarde Sra. S..... C.... ? Porque na verdade, não foi uma simples briga conforme reclamou ameaçadoramente, à pobre vítima, que demonstrou coragem e ousou fazer um boletim de ocorrência. Foi um ataque traiçoeiro, pelas costas, gratuito (no vídeo vemos que as vítimas caminhavam distraídas e tranquilamente), estando ainda, o atacado, desarmado. Covarde também minha senhora, porque como todo animal capturado e acuado, seu filhote, chorou covardemente na delegacia, assim como o fazem os cães presos pela carrocinha, uivando e achando-se vítimas de injustiças.

No século passado, num período muito negro da Alemanha, decidiu-se que alguns cidadãos não eram merecedores de trafegar na mesma calçada que os “puros”. O final desse comportamento é de conhecimento geral.

A educação, minha senhora, começa na infância e se dá principalmente através do exemplo familiar. Não tente relegar esse dever à educação do Estado ou ao Ensino Privado. Ninguém é obrigado a tolerar filhos de terceiros. Felizmente, alcançamos no Brasil, o status de funcionamento maduro das Instituições e cenas deploráveis como essas, não terão mais vez em um país democrático .

Segue abaixo uma transcrição a respeito do valor da educação (no seu caso a palavra correta seria adestramento) para quem sonha com a paz e convívio harmonioso, como deveria ser em um país que aponta para o crescimento social.

Não leve a mal minha sinceridade, temo que o crescimento da intolerância poderá fazer cada vez mais vítimas, entre elas, todos e qualquer um de nós, quanto a duras penas, descobrimos que a dor do outro é idêntica à nossa.

“LICURGO FOI UM LEGISLADOR GREGO QUE DEVE TER VIVIDO NO SÉC. QUARTO ANTES DE CRISTO.

Convidado a proferir uma palestra a respeito de educação. Aceitou o convite mas pediu, no entanto, o prazo de seis meses para se preparar. O fato causou estranheza, pois todos sabiam que ele tinha capacidade e condições de falar a qualquer momento sobre o tema e por isso o convidaram.

Transcorridos os seis meses, compareceu perante a assembleia em expectativa. Postou-se à tribuna e logo em seguida entraram dois criados, cada qual portando duas gaiolas. Em cada uma havia um animal, sendo duas lebres e dois cães.

A UM SINAL PREVIAMENTE ESTABELECIDO, UM DOS CRIADOS ABRIU A PORTA DE UMA DAS GAIOLAS E A PEQUENA LEBRE BRANCA SAIU A CORRER ESPANTADA.

LOGO EM SEGUIDA, O OUTRO CRIADO ABRIU A GAIOLA EM QUE ESTAVA O CÃO E ESSE SAIU EM DESABALADA CORRERIA AO ENCALÇO DA LEBRE. ALCANÇOU-A COM DESTREZA, TRUCIDANDO-A RAPIDAMENTE.

A cena foi grotesca e chocou os presentes. Uma grande admiração tomou conta da assembleia e os corações pareciam saltar do peito. Ninguém conseguia entender o que Licurgo desejava com tal agressão. Mesmo assim, ele nada falou.

TORNOU A REPETIR O SINAL CONVENCIONADO E A OUTRA LEBRE FOI LIBERTADA. A SEGUIR, O OUTRO CÃO.

O POVO MAL CONTINHA A RESPIRAÇÃO. ALGUNS, MAIS SENSÍVEIS, LEVARAM AS MÃOS AOS OLHOS PARA NÃO VER A REPRISE DA MORTE BÁRBARA DO POBRE E INDEFESO ANIMALZINHO QUE CORRIA E SALTAVA PELO PALCO. NO PRIMEIRO INSTANTE, O CÃO INVESTIU CONTRA A LEBRE. CONTUDO, EM VEZ DE ABOCANHÁ-LA, BATEU-LHE COM A PATA E ELA CAIU. LOGO A LEBRE ERGUEU-SE E SE PÔS A BRINCAR COM O CÃO. PARA SURPRESA DE TODOS, OS DOIS FICARAM A DEMONSTRAR TRANQUILA CONVIVÊNCIA, SALTITANDO DE UM LADO A OUTRO DO PALCO.

ENTÃO E SOMENTE ENTÃO, LICURGO FALOU:

SENHORES, ACABAIS DE ASSISTIR A UMA DEMONSTRAÇÃO DO QUE PODE A EDUCAÇÃO. AMBAS AS LEBRES SÃO FILHAS DA MESMA MATRIZ, FORAM ALIMENTADAS IGUALMENTE E RECEBERAM OS MESMOS CUIDADOS. ASSIM, IGUALMENTE, OS CÃES. A DIFERENÇA ENTRE OS PRIMEIROS E OS SEGUNDOS É, SIMPLESMENTE, A EDUCAÇÃO”.

By Hector (22/11/10)

"NO FUTEBOL, O BRASIL FICOU ENTRE OS 8 MELHORES DO MUNDO E TODOS ESTÃO TRISTES. NA EDUCAÇÃO É O 85º E NINGUÉM RECLAMA..."
Senador Cristovão Buarque