sábado, 2 de janeiro de 2010

Exílios

Poder sentar e descansar dentro si mesmo depois de longos períodos afastadas da sua essência, do seu “lar”, da sua casa, dos seus afetos ....
Fazemos durante nossa existência, muitas incursões ao exílio, algumas voluntárias e outras compulsórias
A morte de alguém que amamos, companheiros de jornada, de sonhos e de lutas
A morte dos nossos pais, algumas vezes é só na ausência que sentimos falta da presença
A morte dos nossos filhos, física ou simbolicamente
A morte dos animaizinhos, parceiros amorosos
A perda de uma paixão
A perda do emprego
A perda da dignidade
A maternidade...
Tantos exílios....
Exilados da pátria
Exilados na alma, na ausência de sentido de nós mesmos
Em pleno deserto, de mãos vazias, pernas cansadas da longa e penosa caminhada, sedentos de algo inexplicável. Tombamos exaustos em nós mesmo
No silencio mais cruel chamado solidão, entendemos o quão impotentes somos diante da vida
Seres diminutos em um planeta que chega a ser uma poeira cósmica na vastidão do universo
O exílio que afasta carrega em si o cadinho do fogo transformador
E apenas quando se desiste, abdica, sucumbe que escoa o “tudo” no “nada”
No “nada” se encontra a paz, o doce silencio do amor
Renovadas forças emergem, sonhos se refazem, esperanças renascem. Estamos de volta ao “lar”
Suavemente o amor vai desabrochando em forma de compaixão, gratidão, paciência, tolerância, verdade
E, de exílio em exílio vamos nos tornando seres melhores, mas humanos, mais gente, mais verdadeiros, mais inteiros e plenos de nós mesmos
Menos dependentes e carentes
Vamos resgatando mais espaços no nosso “lar” interior ate o momento em que podemos habitar a grande mansão feita, dos mais nobres e elevados pensamentos, sentimentos e atitudes
Que em 2010 floresçam grandes e sublimes mansões em todos nós!


Amorosamente
Carmen Gloria Coelho
02/01/10

Um comentário:

joao beauclair disse...

Excelente texto! parabéns pela bela autoria!